Ontem fui, com a desculpa das compras de Natal (mentira, não foi desculpa, foi mesmo a sério, livros e cartões-oferta de livrarias, coisa fácil de enviar por correio, foram a opção cá da malta de casa - ou seja, eu, que a igualdade de deveres ainda não chegou às prendas de natal, mas isso é outra conversa), a uma livraria e juro-vos que quase chorei. Nem eu sabia as saudades que tinha de andar ali entre os livros.
Este ano tem sido um merda para toda a gente. Mudámos de vida de um dia para outro de uma forma não-natural, forçada e repentina.
Até os hábitos de leitura foram reformulados. Há quem leia mais, há quem quase tenha deixado de ler. Acho que no geral todos comprámos menos e o que comprámos foi online.
Eu não costumo comprar muitos livros, para dizer a verdade. Não me perco em promoções mas compro o que me apetece. Nos últimos tempos comprei mais ebooks que livros físicos. Acho que fiz uma encomenda de livros neste tempo todo - e foi por causa de um livro para um clube de leitura. Pela primeira vez cheguei ao Natal com dinheiro num dos cartões oferta que me ofereceram no aniversário.
Sempre que abro as páginas das livrarias online fico 5 minutos a percorrer as páginas das promoções e novidades mas nunca encontro nada que me apeteça mesmo, mesmo, comprar. Acho que o problema é que não sou a típica leitora e os livros que mais se vendem - e que por isso estão em destaque - não são aqueles que mais me interessam. Ou apenas não tenho paciência para escolher livros através da net. Uma das duas opções será, ou talvez uma mistura de ambas.
A verdade é que entrei na livraria e, se não tivesse lá ido com um objectivo bem definido, teria de lá saído com uma montanha de livros novos... todos para mim. Imediatamente identifiquei, com olhar um pouco destreinado mais ainda certeiro, meia dúzia de livros que não só quero como preciso.
Tenho muitas saudades de estar, à vontade e sem a pressão da fila de pessoas que está à porta da loja à espera de autorização para entrar, algum tempo entre os livros. Olhar, ler sinopses, admirar capas, encontrar novos livros e novos autores, perceber o que se anda a publicar cá dentro e lá fora. Faz-me falta esse tempo. E nem sabia o quanto.