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Ler por aí

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21
Jul20

O deserto dos tártaros, de Dino Buzzatti

Patrícia

o deserto dos tártaros.jpg

Um dos livros que li nos últimos tempos foi este O Deserto dos Tártaros, escrito em 1940 pelo escritor italiano Dino Buzzati. É um livro sugerido de forma recorrente nos vários clubes de leitura em que fui participando ao longo dos tempos e li-o finalmente porque foi o livro escolhido pelo moderador para ser discutido numa dessas tardes de partilha literária.

A minha primeira impressão foi que é um livro surpreendemente fácil de ler tendo em conta que não se passa (quase) nada ao longo daquelas páginas. 

Giovanni Drogo, jovem e oficial, é destacado para a  Fortaleza Bastiani, uma posição remota na fronteira, onde nada se passa mas que tem um estranho efeito por aqueles que ali vão chegando. Em época de paz, só a disciplina férrea dos militares permite que se continue a patrulhar a fronteira e defender o reino. A disciplina e a esperança de glória. Drogo acredita sempre que, um dia, terá o seu momento de glória. Sonha com um ataque à fortaleza que lhe permita mostrar aquilo que sabe ser: um homem corajoso.

É sobre esse desejo de gloria e sobre escolhas (ou sobre a escolha que é a própria ausência de escolha) que trata este livro. Onde se traça a linha entre ser perseverante no caminho e o medo de arriscar novos desafios? 

Foi muito interessante ouvir outras pessoas a falar deste livro que tantas interpretações tem e constatar, uma vez mais, que o leitor se apropria da história. Há quem veja aqui uma história de esperança, de perseverança, de uma vida plena de significado. Há quem só consiga ver uma vida perdida à espera de nada, dedicada a uma falácia, uma vida quase inútil, de medo de arriscar.

É verdade que não se passa nada, ou quase, nesta espera pelos tártaros mas este é um livro que que gostei de ler e que ficará comigo muito tempo.

 

20
Jul20

Série Sebastian Bergman, de Hans Rosenfeldt e Michael Hjorth

Patrícia

sb.jpg

 

Ler thrillers é uma óptima forma de limpar a cabeça. Mesmo quando não são muito bons (eu advogo o direito a ver más séries de tv, assim como advogo o direito a ler maus livros). E sim, é o caso. Não achei esta série assim tão espectacular. Sim, eu sei que tem críticas fantásticas e que há imensas pessoas meio apaixonadas pelo Sebastian. Mas esse é um dos problemas que aponto a estes livros. O Sebastian. 

Não é apenas o facto dele ser um cabrão da pior espécie, que é. Mas é a sensação que a história do personagem está escrita para que o seu lado cabrão seja justificado, relativizado e acabe apresentado como o "bad boy" que as adolescentes adoram porque sentem que, no fundo, ele pode mudar. E que só é cabrãozinho porque tem um trauma, coitadinho. Infelizmente, é assim que o Sebastian é apresentado em todos os livros. Pior, há livros em que as suas atitudes conseguem ser absolutamente incompatíveis com a sua personalidade (mas demonstram que o homem tem sentimentos e todas sabemos como isso perdoa tudo - ah, revirei tanto os olhos durante a leitura destes livros). Para não falar do dedinho podre do senhor. Há uma altura em que começa a enjoar.

Posso dizer que todos os crimes dos livros me interessaram, uns mais que outros, mas foi a sua resolução que me manteve interessada. A história pessoal do gang da Riksmord, a polícia criminal lá do sítio, não me conseguiu atrair assim tanto. Ok, concordo convosco, vai ser interessante ver onde vai o Billy parar (apesar de achar o percurso dele um bocadinho rápido demais mas ok, não tenho conhecimentos suficientes para dizer que é tudo um grande exagero).  A Vanja é irritante, sim, uma fedelha mimada quando já não tinha idade para isso. A Ursula é interessante qb, não fosse aquela mania de que todos os outros policias são uma nódoa (e a persistência dos autores em dar-lhe razão é um cliché que me irritou) e o Torker é outro que apenas quer um rabo de saia que lhe dê estabilidade (aliás, os romances destes livros são todos bastante estranhos).

Mas o que me matou mesmo foi o último livro. Eu papei a sobrevivência da outra (you know who) mas a sério que não houve um exame físico / autópsia que levante sequer suspeitasse? A sério? O percurso para descobrir o assassino tinha mesmo que ser aquele? E ninguém dá conta que o outro desapareceu? Pior, ninguém se interessa? Tudo tão coladinho a cuspo, senhores.

Mas foram umas horas de leitura rápida e fácil, com algumas irritações pelo meio, o livro 5 é, de longe, o mais interessante, quero saber como raio o Billy se vai safar (ou não)  e ptto hei-de ler o 7º (e espero que último) volume da saga.

 

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