75 anos da libertação de Auschwitz-Birkenau
Há 75 anos o mundo percebeu que a humanidade era capaz do inimaginável. Que a maldade e o mal eram uma realidade.
Tivemos 75 anos para ser melhores e hoje, 75 anos anos depois, lembramos Auschwitz-Birkenau.
75 anos depois, sabemos: falhámos, ou pelo menos, não nos tornámos assim tão melhores.
Falhamos todos os dias em que continuamos a achar que algumas pessoas são superiores a outras. Que uns têm mais direitos que outros. Que umas mortes são mais importantes que outras. Falhamos em cada morte causada directa ou indirectamente pela guerra. Falhamos em cada morte no mediterrâneo ou em qualquer ponto do percurso percorrido por um migrante. Falhamos em cada vida vida perdida pelo tráfico humano.
Que não pensemos que O, que um, holocausto não pode voltar a acontecer.
Foi com Anne Frank que comecei a perceber a dimensão de tudo o que aconteceu. O diário de Anne Frank foi um dos livros que marcou a minha infância. Mais tarde foi com o Primo Levi e o seu "Se isto é um homem" que percebi o poder da literatura numa temática tão difícil quanto esta. Depois destes, li outros livros que falavam deste período. Uns marcaram-me mais que outros. Perguntem a Sara Gross, Uma menina anda perdida no seu século à procura do pai ou o As benevolentes (que anda no meu Kobo a ser lido em doses homeopáticas) são apenas alguns títulos que acho incontornáveis.
Actualmente saem imensos livros directa ou indirectamente ligados ao Holocausto. E eu fico com dúvidas: muitos deles não estão a banalizar ou romantizar aquilo que não pode nunca ser pensado de ânimo leve? Talvez esteja a ser injusta mas boa parte do que vejo por aí parece-me mais um romance(zinho), com a sua dose de tristeza, que um retrato (mais ou menos) fiel da história. Ainda assim, o que aconteceu não pode ser esquecido ou vai tornar a acontecer uma e outra vez. E a literatura tem aqui, como sempre, um lugar fundamental.