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Ler por aí

Ler por aí

27
Jan20

75 anos da libertação de Auschwitz-Birkenau

Patrícia

Há 75 anos o mundo percebeu que a humanidade era capaz do inimaginável. Que a maldade e o mal eram uma realidade.

Tivemos 75 anos para ser melhores e hoje, 75 anos anos depois, lembramos Auschwitz-Birkenau.

75 anos depois, sabemos: falhámos, ou pelo menos, não nos tornámos assim tão melhores.

Falhamos todos os dias em que continuamos a achar que algumas pessoas são superiores a outras. Que uns têm mais direitos que outros. Que umas mortes são mais importantes que outras. Falhamos em cada morte causada directa ou indirectamente pela guerra. Falhamos em cada morte no mediterrâneo ou em qualquer ponto do percurso percorrido por um migrante. Falhamos em cada vida vida perdida pelo tráfico humano. 

Que não pensemos que O, que um, holocausto não pode voltar a acontecer. 

 

Foi com Anne Frank que comecei a perceber a dimensão de tudo o que aconteceu. O diário de Anne Frank foi um dos livros que marcou a minha infância. Mais tarde foi com o Primo Levi e o seu "Se isto é um homem" que percebi o poder da literatura numa temática tão difícil quanto esta. Depois destes, li outros livros que falavam deste período. Uns marcaram-me mais que outros. Perguntem a Sara Gross, Uma menina anda perdida no seu século à procura do pai ou o As benevolentes (que anda no meu Kobo a ser lido em doses homeopáticas) são apenas alguns títulos que acho incontornáveis. 

Actualmente saem imensos livros directa ou indirectamente ligados ao Holocausto. E eu fico com dúvidas: muitos deles não estão a banalizar ou romantizar aquilo que não pode nunca ser pensado de ânimo leve? Talvez esteja a ser injusta mas boa parte do que vejo por aí parece-me mais um romance(zinho), com a sua dose de tristeza, que um retrato (mais ou menos) fiel da história. Ainda assim, o que aconteceu não pode ser esquecido ou vai tornar a acontecer uma e outra vez. E a literatura tem aqui, como sempre, um lugar fundamental. 

24
Jan20

Uns meses sem facebook

Patrícia

A primeira coisa que tenho a dizer é: sobrevivi.

A segunda é que a minha qualidade de vida aumentou. Muito. 

Parte do ruído que estava a dar comigo em doida desapareceu e, confesso, não lhe senti a falta uma vez.

A única coisa menos boa neste meu abandono das redes sociais foi que deixei de conseguir participar ou ter conhecimento do que se passa nos muitos grupos de livros. E apesar de ter sempre a hipótese de voltar, em nome próprio ou criando uma conta apenas para os livros (que foram aquilo que nos últimos anos me mantinha online), quando brinco com a ideia percebo que não o vou fazer. Não quero. O que perderia seria infinitamente superior ao que iria ganhar.

E não, não tenho medo dos russos. Não é essa falta de privacidade que me incomoda (depois de tantos anos e tantas redes sociais seria um bocado estúpido preocupar-me nesta altura do campeonato). A falta de privacidade que me incomodou e que me fez desactivar a conta foi a existente entre os meu "amigos" e "conhecidos". 

Por um lado, deixei de publicar e partilhar pensamentos e opiniões porque deixei de ter paciência para as respostas e discussões parvas. Depois, as ligações e ramificações das teia criadas pelos contactos  fizeram ficar desconfortável com determinadas partilhas - prezo muito a minha privacidade.

Por outro lado e quicá o mais importante: percebi que não gostava de muitas pessoas que antes considerava amigas. Descobri que não consigo nem quero manter perto de mim pessoas que têm valores tão distintos dos meus. E todos sabemos que as redes sociais potenciam o que de melhor e de pior temos. Se por um lado permitem a que tantas pessoas se reinventem, por outro lado essa reinvenção acaba por nos mostrar uma pessoa tão diferente da que a conhemos que ficamos com dúvidas sobre quem é quem. E eu precisei afastar-me... é que, às vezes, a ignorância é uma benção.

 

 

16
Jan20

Os melhores inícios 

Patrícia

Será a primeira frase de um livro assim tão importante?

Não acredito que haja algum leitor que não conheça a mais famosa frase de abertura de um livro. Aquela que até deu origem a títulos de livros. Mesmo que nunca tenha lido o livro, mesmo que não saiba o final (o que será difícil pois este deve ser o livro com mais spoilers de todos os tempos), toda a gente já ouviu o 

"Todas as famílias felizes são parecidas, cada família infeliz é-o à sua maneira.", do Karenina, de Tolstoi.

Claro que há outros inícios igualmente famosos.

Gosto bastante do "Certa manhã, ao acordar após sonhos agitados, Gregor Samsa viu-se na sua cama, metamorfoseado num monstruoso insecto." do livro A metamorfose, do Franz Kafka e do "Se estão mesmo interessados nisto, então a primeira coisa que devem querer saber é onde é que nasci, e como foi a porcaria da minha infância, o que faziam os meus pais e tudo antes de eu ter nascido, e toda essa treta estilo David Copperfield, mas não estou nada para aí virado, para dizer a verdade." do "À espera do centeio" do JD Salinger.

Mas eu sou mesmo fã é do "É uma verdade universalmente reconhecida que um homem rico e solteiro precisa de uma esposa" do Orgulho e preconceito da Jane Austen ou o "No dia seguinte ninguém morreu" do Intermitências da Morte de José Saramago. 

Logo depois, na listas dos inícios que me arrancam um sorriso estão os "Tudo no mundo começou com um sim" do A hora da estrela, da Clarice Lispector e o "Mrs. Dalloway disse que ela mesma iria comprar as flores", do Mrs.Dalloway da Virginia Woolf

Confesso que não sou leitora de desistir de um livro porque não tem um início memorável mas é verdade que uma grande primeira frase faz, muitas vezes, a diferença.

14
Jan20

descobrir livros

Patrícia

Escolher uma nova leitura é sempre um desafio. E não estou a falar da ida à estante procurar um livro que lá está para ser lido (se bem que essa decisão nem sempre é fácil). Falo de escolher um novo autor, um livro para comprar. 

Há constantemente livros novos a serem editados.

De uns conhecemos o autor, de outros já ouvimos uma boa (ou má) opinião. Uns ganharam prémios, outros nem por isso. Uns tiveram críticas no jornal, outros estão nos TOP de vendas. Uns estão na montra, outros foram falados na TV. Uns vêm recomendados por amigos ou outros leitores. 

Mas a grande maioria dos livros à venda são um mistério. Escritores de que nunca ouvimos falar, livros que não sabíamos existir. 

Acho interessante, e é esse o ponto deste texto, que numa época de tanta informação sejamos tão avessos a arriscar e descobrir novas leituras. Na maioria das vezes preferimos seguir o conselho dos outros, ler os livros mais falados, livros que temos "debaixo" de olho há bastante tempo em vez de investir tempo e dinheiro em algo que não sabemos se vai "compensar" ou não. E com isso perdemos uma das maiores oportunidades de um leitor: ler sem qualquer ideia pré-concebida, ler sem nenhuma restrição "social", ler apenas pelo prazer de descobrir um novo autor, um novo livro.

E eu tenho saudades disso.

 

13
Jan20

Se o disseres na montanha, de James Baldwin

Patrícia

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No dia dos seus 14 anos, John, um miúdo cheio de dúvidas em relação à sua sexualidade, à noção de pecado, ao bem e ao mal, acorda para um dia de escolhas e encruzilhadas.

A mãe Elizabeth, que não tem mãos a medir para tratar da família, nem sempre se lembra do seu aniversário. O padrasto, um narcisista hipócrita pastor/pregador da igreja Pentecostal, só tem olhos para Roy, o filho legítimo, que acredita ser o filho que deus lhe prometeu. 

Ao longo do livro vamos acompanhando John, os seus sentimentos, pensamentos e medos, e vamos conhecendo motivações, passados, histórias através das vozes de Elizabeth, Gabriel e Florence.

Um livro belíssimo e de uma tristeza só, que nos fala de raça, da cor da pele, de religião, de sexualidade, de pecado e de salvação, através das histórias que culminam naquele dia, que se resumem à pessoa que é John.

Se tivesse que escolher apenas um tema, um destaque para este livro, diria que é um livro sobre como nos temos que descobrir, que nos temos que encontrar entre as camadas do que somos, do que os outros tentam que sejamos, do que os outros querem que sejamos, do que temos medo de ser, do que ambicionamos ser.

Grande, grande leitura, esta.

 

12
Jan20

Ler é uma actividade solitária

Patrícia

É verdade que nós, leitores (pelo menos os mais extrovertidos), inventamos pretextos para partilhar o amor aos livros. Mas, por mais que arranjemos leituras conjuntas, partilhemos opiniões em blogs, podcasts ou canais, ler continua a ser uma actividade solitárias, pessoal e (quase) intransmissível.

Não importa que toda  a gente adora aquele livro se nós não conseguirmos sentir empatia pelas personagens ou não o conseguirmos estabelecer qualquer ligação com aquela história. Não interessa que nos expliquem, com muito mais letras do que as necessárias, porque é que aquele livro é bom ou mau, se não o conseguirmos perceber durante a leitura.

Inventamos clubes de leitura, frequentamos fóruns online onde estão outros geeks que adoram aquela série mas é nas horas que passamos "sozinhos"* com um livro que nos sentimos verdadeiramente felizes.

 

*sozinhos é como quem diz "acompanhados por amigos imaginários que nos fazem vibrar e sofrer e por quem deitamos lágrimas reais

 

11
Jan20

A Morte do Papa, de Nuno Nepomuceno

Patrícia

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O Nuno tem um novo livro. Um Thriller religioso chamado "A morte do papa". É já dia 17 que todos vamos poder ler.

Para nos ir aguçando a curiosidade o autor preparou-nos uma série de surpresas. Para já um mini-livro, que está disponível nas livrarias Fnac  e que tem o (acho) primeiro capítulo do livro. 

Para além disso, criou um site  http://amortedopapa.com/ onde podemos descarregar gratuitamente dois contos:

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Além disso, quem comprar em pré-venda o livro "A morte do Papa" recebe mais 3 contos extra.

Eu já tenho os meus 2 contos, depois venho cá contar-vos o que achei.

 

 

 

 

 

10
Jan20

Janeiro

Patrícia

O início do ano é a altura das grandes decisões por excelência... vá, para quem não considera o "início do ano" Setembro com o regresso às aulas. E se calhar em vez de "grandes decisões" podemos usar "decisões que gostaríamos de tornar reais mas que não só não nos vamos esforçar muito como nem sequer nos vamos lembrar no dia 02 (mas aí podemos sempre culpar o álcool da passagem do ano e o facto de ser um crime estragar as comidas e os bolos todos que fizemos ou comprámos para as festas)".

Vá, recomecemos.

Janeiro é um mês em que temos a oportunidade de recomeçar algumas coisas. E se emagrecer os tais 15 kg é difícil, se está demasiado frio para começar a correr antes de ir trabalhar, se gastámos mais dinheiro do que tínhamos planeado nas prendas de Natal e o projecto de ir para o ginásio tem que ser adiado (pensamos nisso em Março, que ainda vamos a tempo das férias de Verão que este ano só serão lá para Setembro) então o ideal é mesmo estabelecer metas de leitura (só lá para Novembro nos precisamos preocupar com esses números e aí estamos já perto do ano seguinte e podemos facilmente ignorar e esperar pelo próximo Janeiro); dar um novo ar ao blog, facebook, canal, instagram e afins; apontar na agenda nova (que só a meio de Março será abandonada numa gaveta e trocada um por caderno janota) os 15 desafios literários, as 20 maratonas e as "achetagues" para cada um deles.

Recomecemos e desta é que é.

Janeiro traz-nos um mês novinho em folha para encher de boas leituras, livros novos que vieram do ano velho ou livros novos do novo ano. Janeiro traz-nos 31 dias para partilhar leituras e passar muitas e boas horas a ler, em frente à lareira, com chá e bolachas, ou na esplanada a aproveitar o sol de inverno.

Janeiro é um dos 12 meses óptimos para leituras.

Bom 2020 (lê-se "dois mil e vinte" e não "vinte vinte", não me irritem, pf) e boas leituras para todos.

04
Jan20

Starsight, de Brandon Sanderson

Patrícia

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No primeiro dia do ano consegui ter umas horas para acabar de ouvir Starsight, o audiobook do momento.

Depois de ter ficado agradavelmente surpreendida com o primeiro volume da saga Skyward, uma saga juvenil de ficção cientifica, não resisti a ouvir este novo volume e, uma vez mais, gostei imenso.

Adoro o M-Bot. As conversas desta nave espacial com a Spin são absolutamente maravilhosas e ainda ganham pela interpretação feita pela narradora do audiobook. 

No primeiro volume reflectimos (entre outros temas) sobre a coragem e cobardia, o medo da morte e os problemas éticos da Inteligência artificial. O tema central deste segundo volume é a vida, a liberdade e a diferença.

O que significa exactamente estar vivo? É o livre arbítrio algo fundamental para se "estar vivo"? 

A diferença sempre foi um problema para a humanidade. Guerras, genocídios, "O" holocausto, sempre foram as consequências de não olharmos para os outros como iguais apesar de diferentes.  Temos muitos nomes para isso: racismo, machismo, xenofobia mas tudo se resume ao preconceito e à incapacidade de olharmos para a diferença como normal e para os outros, aqueles que são fundamentalmente diferentes de nós, como alguém com os mesmos direitos e deveres (e que merecem oportunidades similares). Neste livro, Spensa, consegue infiltrar-se na comunidade do inimigo e acaba por ter uma enorme surpresa...

Por coincidência, no dia em que comecei a escrever este texto li uma reportagem no expresso e este excerto (podem seguir o link para o texto completo) que diz exactamente aquilo que passo a vida dizer a quem não percebe porque é que eu gosto tanto de fantasia e ficção científica.

É comum dizer-se que a melhor ficção científica não se ocupa verdadeiramente do futuro mas de questões humanas e sociais do presente. Isso é seguramente verdade no caso de autores como Ursula K. Le Guin ou, entre a nova geração, China Miéville. É também verdade no caso de Fundação, que tem um lugar cimeiro indiscutível no cânone deste género literário e que aqui deixo como sugestão de leitura para 2020.

 

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