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Ler por aí

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24
Set19

O bom e velhinho blog

Patrícia

Eis um post à "velho do Restelo" ou à "os anos 80 é que eram bons" mas nem quero saber. Não sei muito bem onde é o Restelo mas sobrevivi aos anos 80 pelo que sou fã. Uma das melhores décadas de sempre, sem dúvida, principalmente no que aos fatos de treino e às permanentes diz respeito!

Adiante... com o advento do you tube foi preconizado o fim do blog. Da mesma forma como com o advento do ebook foi preconizado o fim do livro em papel. Não acaba nem uma coisa nem outra. 

E da mesma forma como não é preciso declarar guerra ao ebook para defender o livro em papel, não é preciso embandeirar em arco e condenar os blog para elogiar o formato vídeo (ou vice-versa).

O formato vídeo veio para ficar. O formato audio (podcast) veio para ficar. Assim como está de pedra e cal o formato "escrita". Já as plataformas onde acontecem vão mudando consoante as modas.

No que aos livros diz respeito gosto me ir mantendo informada. Vi nascer o BookTube e vi nascer os primeiros podcasts. Vi nessa altura desaparecerem muitos blogs (e alguns com imensa tristeza).

O instagram tem sido uma plataforma interessante. Por um lado, fomentou apenas a imagem. Mas o formato vídeo rapidamente migrou para lá. E de certa forma, o formato texto também. E, nesta rede social, todos estes formatos coexistem de forma pacífica de uma forma muito diferente que no facebook.

O facebook sempre foi, no que os livros diz respeito, uma plataforma de distribuição e de agregação. Um suporte às outras plataformas, para divulgar os blogs ou os canais. Tirando algumas excepções, não há por lá assim tanto conteúdo original (ou seja, não possível de encontrar noutras plataformas) como parece. Desde que desactivei a conta de facebook só sinto a falta de duas coisas: dos grupos de discussão de alguns livros (assim queira e colmato essa falha com os Reddit desta vida)  e dos textos da escritora Maria Manuel Viana, das aventuras e desventuras da Afonsina, que me deixavam sempre com um sorriso. 

Mas facebook e instagram (e de certa forma também youtube) têm um enorme contra: vivem do instante, do momento. Ora o mundo dos livros não vive do momento, é perene e precisa de uma continuidade que estas plataformas não conseguem dar. E é por isso que os blogs (e os podcast) têm uma esperança de vida muito superior nesta área. 

Claro que não chegam nem ao mesmo número de pessoas, nem com a mesma rapidez. Numa época em que a rapidez e o instante são tão importantes, em que as notícias de ontem estão completamente ultrapassadas, o bom e velho blog insiste em manter-se e (arrisco dizer, absolutamente qualquer base) crescer. 

Pessoalmente sou fã do blog. É a única plataforma onde consigo publicar com alguma regularidade e onde gosto de comunicar. Gosto do tempo que levo a pensar no que vou escrever, gosto de ler os comentários de quem comigo interage. Gosto de ler os vossos posts. Gosto de escrever mesmo quando ninguém me lê. Às vezes não me apetece ou não tenho tempo para escrever e "no pasa nada", o tempo dos blogs permite-o. 

Tenho para mim que o bom e velhinho blog está cá para ficar. 

 

 

17
Set19

Memórias de um dia perfeito

Patrícia

Um dia perfeito tem livros. E amigos. (e achetagues maravilhosas... mas isso é outra história)

Quando os livros são dos amigos e os amigos são dos livros, torna-se tudo ainda mais brilhante.

Foi o caso da apresentação do livro da Márcia Voar no quarto escuro. Houve livros, amigos, gargalhadas e sorrisos emocionados. Foi bonita a festa, pá!

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Os sorrisos destes 3 já contam a história desta tarde. A editora Sara, que apostou na Márcia e a acompanhou ao logo do processo, a Márcia, orgulhosa do seu "mais novo" e o Ricardo Duarte que tão bem e tão ao seu jeito apresentou este livro. 

Foi tão bom ouvi-los conversar e ver a Márcia em versão "escritora convidada da comunidade de leitores" :) 

IMG_7995.jpg

Foi bom ouvir a Ana, outra amiga dos livros, a ler alguns excertos dos livros (a inevitável gargalhada da minha desaparecida colega de blog foi prova disso).

IMG_7840.jpg

E foi bom rever amigos dos livros, conhecer amigos dos livros - isto dos blogs tem coisas maravilhosas, oh se tem!

As fotos são do Gil Cardoso, como sempre :). Obrigada por mas deixares usar!

Foi a primeira vez Márcia, não será a última certamente :) Parabéns!

 

10
Set19

Ai q'horror, programas da manhã e novelas!!!

Patrícia

Uma pausa nos livros para um post sobre algo mais pertinente do que aquilo que podem pensar: novelas e programas da manhã.

(por acaso há uns anos, num outro blog, escrevi sobre este assunto e ganhei uma grande amiga, eheh)

A novela e os programas da manhã são, ao mesmo tempo, as ovelhas negras e as galinhas de ovos de ouro da TV.

Está na moda e é culturalmente chique e bem visto falar mal destes programas.

Ai q'horror, novelas, que lixo. Ai como é possível ver os programas da manhã e tarde, ai a voz da Cristina, ai a voz da Júlia, ai, ai ai). Ai que estão a enganar velhinhos (bem, esta parte não deixa de ser em parte verdade Ai que as novelas são tão más. Ai que não dão programas de qualidade.

Ora o que me irrita nesta postura pedante e arrogante é a total insensibilidade e falta de empatia que demonstra.

As pessoas que dizem isto não são o público-alvo deste tipo de programa. 

O público-alvo destes programas são, na sua maioria, pessoas que, devidos à idade ou problemas de saúde vários, estão em casa todo o dia, geralmente sozinhos e que precisam ser distraídos e acompanhados ou vão passar toda o dia a remoer nos seus próprios problemas. 

Estas pessoas não são, na sua maioria, pessoas que vejam séries e filmes (muitas não conseguem ler legendas, outras não têm capacidade para acompanhar uma série porque adormecem e acordam várias vezes), não podem passar o dia a ler (muitos não o conseguem fazer de todo e ninguém consegue ler o dia inteiro, todos os dias), muitos não têm dinheiro para ter netflix nem sequer canais pagos e experimentem vocês ter um dos canais de notícias ligado o dia inteiro e digam-me se no fim de dois dias não têm vontade atirar qualquer pesada à TV depois de ouvirem pena trigésima vez a mesma "notícia".

A maioria das pessoas que vê TV àquelas horas é alguém que, tipicamente, está sozinho e precisa companhia. A TV ligada é uma necessidade e os apresentadores dos programas da manhã são a grande companhia. Por isso, a Cristina fala alto? óptimo, há muitos velhotes meio surdos. Ri muito? Óptimo, eles precisam de alegria. A Júlia conta histórias de fazer chorar as pedras da calçada? Quem não gosta de uma boa tragédia e de uma história de superação? São a base de toda a literatura, cinema e tv deste o principio do mundo (literário, pelo menos)

E sim, a publicidade a determinados produtos pode ser até perigosa, é verdade. E o dinheiro gasto em telefonemas tb me dá nervos... mas para cada pessoa que cai numa destas há toda uma família, filhos e netos, sobrinhos e afins que não deu assistência, que não fez companhia, que não passou meia hora a fazer companhia e a falar com estas pessoas.

Ptto, não me lixem. Sou e serei sempre, defensora destes programas. Eu não preciso de os ver - até porque geralmente estou a trabalhar - mas há quem precise e quem deles dependa para rir e passar o tempo e isso é tudo. Ainda bem que existem. 

 

 

 

 

04
Set19

Há livros e livros, há YA e YA

Patrícia

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Li, há pouco tempo, o Skyward, do Brandon Sanderson , um YA de ficção cientifica e, por ter gostado tanto, resolvi ignorar a auto-censura que faço aos YA em geral e aos YA de fantasia em particular e dar uma hipótese à escritora Cassandra Clare a ao seu Cidade dos Ossos. 

O do Sanderson li porque... bem, é Sanderson. Acho que aquele homem conseguia fazer da lista telefónica uma cena interessante e o da série Caçadores de Sombras li porque veio bem recomendado. Vou a meio deste Cidade dos Ossos e estou a ter muita dificuldade em continuar, confesso. 

É, para mim, perfeitamente claro porque é que gostei tanto do Skyward e porque é que o Cidade dos Ossos não me consegue sequer manter interessada.

Lembram-se de vos ter falado da teoria dos três níveis numa história? Pois, eu vivo (vá, leio) para momentos nível 3. 

Para quem não percebeu muito bem essa teoria, este talvez seja o exemplo certo.

Skyward é uma história bastante competente no nível 1(vário momentos Top Gun, com a sua escola de voo), como FC encaixa-se tipicamente num nível 2 (a Ficção cientifica por natureza é uma crítica e uma análise à sociedade actual) mas tem momentos nível 3 fenomenais.

Boa parte do livro reflecte sobre a noção de coragem e cobardia. O que é, o que define um cobarde? Quem, na sociedade, define estes conceitos? A presença de M-Bot, uma nave cheia de personalidade e humor muito especial leva-nos às questões éticas que rodeiam a inteligência artificial. O luto é assunto central e o medo e a reacção humana à morte é abordada quando M-Bot tenta compreender porque é que os Humanos têm medo de morrer. Sem esquecer que este livro é um YA, estes temas estão lá, são incontornáveis e fazem com que o livro cumpra uma das principais funções da literatura: acrescentar algo, transformar o leitor.

O Cidade dos Ossos cumpre a função de entretenimento -nível 1,  e isso não é de ignorar ou menosprezar mas não cumpre, pelo menos até meio do livro, nenhum dos outros níveis. Há uma duas tentativas mal conseguidas de ter um momento nível 3 mas mais nada. 

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Para já ainda não me quero prenunciar sobre o mundo dos Caçadores de Sombras nem a magia existente por lá (sem grandes novidades para já mas talvez ainda seja cedo para o dizer taxativamente) mas posso também dizer que a tradução não ajuda (para verem o nível há lá uma parte em que - to score - no sentido "safou-se com a moça" é traduzido por "fazer um golo" ).

 

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