Aquela época do ano
Acho que os leitores gostam mais da feira do livro que do Natal. É verdade que no Natal recebemos livros mas a (triste) verdade é que a maioria das pessoa tem algum receio de oferecer livros a leitores (talão de troca, gente, talão de troca) e que os leitores não só não controlam a quantidade das ofertas como não controlam a sua qualidade (mais uma vez... talão de troca, ok?). Na feira tudo depende da vontade...e do dinheiro, claro. Mas já estamos todos à espera que a feira nos leve à beira da falência, não é?
Adoro ver o entusiasmo com que os leitores esperam e vivem este evento. Listas e mais listas. A felicidade de carregar livros, os projectos de leitura que nascem naqueles momentos.
Eu gosto muito de ir à feira no primeiro dia. Há muito menos gente, os alfarrabistas ainda têm muita coisa e é uma excelente forma de "tomar o pulso à coisa".
Fui à feira e apesar do calor horroroso (levem águas, sumos, chapéus) foi muito bom. A paragem obrigatória na banca das promoções da promoção da Relógio d'Água teve como resultado este Mrs. Dalloway, da Virginia Woolf que queria há muito. O "essa puta tão distinta" foi um achado nos alfarrabistas - acho que o livro nunca foi lido, tem marcador e está impecável - e era também um dos livros que eu queria ler.
Não sou de me perder em promoções nem de vir carregada com livros que não sei se algum dia vou ler - mas garanto-vos que às vezes é difícil resistir. Não me importo muito de investir em clássicos - são livros que hei-de ler um dia - mas por norma opto por livros que quero ler no imediato.
Claro que a feira é, hoje em dia, bem mais do que apenas livros. Adoro os eventos, os encontros com escritores e outros leitores mas torço o nariz à panóplia de outros eventos que já se tornaram normais por lá. Por muito que eu goste de música (e gosto) irrita-me imenso a poluição sonora que emerge na confusão de músicas tocadas todas ao mesmo tempo. Eu percebo a ideia, percebo que os grupos editoriais querem criar uma ilha no meio da feira mas, na minha opinião, só conseguem criar confusão e estou sempre com vontade de sair daqui para um local mais calmo onde possa abrir os livros que comprei e começar a ler.