Ragnarök, O Fim dos Deuses, de A.S. Byatt
A importância de preservar as histórias, as lendas, as fábulas e os mitos de uma cultura faz com que, volta e meia, se conte a mesma história de uma forma ligeiramente diferente. Se é verdade que nos custa (a mim, pelo menos, custa) ouvir "aquela" história com inflexões completamente diferentes (sabem lá vocês o que sofro quando ouço as várias versões da guerra de Tróia) a verdade é que essa é uma forma usada desde sempre, seja na tradição oral, seja na escrita ou na sétima arte. Mudam-se os tempos e os mitos, de acordo com a sua essência, adaptam-se com toda a facilidade.
É assim que neste livro, que faz parte da colecção The Myths, nos é recontado o mito nórdico do Ragnarök, uma sequência de eventos que levam ao fim do mundo, à batalha final onde a maioria dos deuses morre.
Ora, o meu problema com este livro começa precisamente aqui. Isto é, para mim, uma história completamente nova. Sim, já tinha ouvido falar de Thor e do seu martelo, de Odin, Tyr, Loki e até de Fenris mas Yggdrasil, , Rándrasill, Baldur, Frigg, Jörmungander e outros tantos foram completamente novos para mim. Um livro que era suposto transportar-me para um mundo mágico já conhecido acabou por me transportar para um sítio onde só lá para o final sabia quem era quem.
Este foi um claro caso de "não és tu, sou eu", tenho plena consciência que é um livro muito bom mas que me custou imenso a ler e que não consegui apreciar.
É verdade que aprendi muito sobre a mitologia nórdica e agora que o terminei estava capaz de começar a ler sobre os deuses nórdicos e efectivamente perceber, desde o início, o que estava a ser contado.
Ainda assim, no meio da luta para prosseguir na leitura, consegui apreciar a escrita e gostar imenso das partes da "criança magra". Deixem-me explicar-vos.
O Ragnarök é-nos contado pela criança magra que, estando protegida na Inglaterra rural na altura da segunda guerra mundial, comparava os mitos contados no livro Asgard e os Deuses com as histórias sobre Jesus que lhe eram contadas na catequese e com a sua própria vida. Foram estas partes do livro que me marcaram e agarraram. Dei por mim a destacar passagens, a ler algumas frases várias vezes.
Não tenho dúvidas que ainda vou reler este livro e gostar muito mais mas esta primeira leitura foi algo penosa. Mas continuo a achar que o livro tem uma capa maravilhosa.