Compre, adopte, peça emprestado… só não roube, ok?
Sim, adopte um livro. Qual é o problema? Para a maioria dos leitores um livro é quase um ser vivo. Faz-nos rir, chorar, odiar, amar… enfim, faz-nos sentir. E há tantos livros abandonados por aí (às vezes numa espécie de solidão acompanhada – a pior de todas as solidões) que a expressão “adopte um livro” talvez não seja de todo tola.
Eu confesso, já dei um livro para adopção. Era um livro que não era amado cá em casa e foi, alegremente, para a casa de uma amiga, que o adoptou como deve ser. Pronto, na verdade já dei vários livros para adopção, já dei livros por uma causa, já dei livros para a Cabine ou para uma biblioteca.
Hoje é dia internacional do livro, um dia para reforçar a importância dos livros.
Vou confessar-vos: acho que os livros já me salvaram várias vezes. Já me salvaram do medo e da solidão. A minha sanidade mental deve muito aos livros. A fuga que os livros sempre me proporcionaram impediram-me de, muito provavelmente, procurar outro tipo de fuga. Afinal, quem precisa de drogas se pode ir até à Terra Média ou a Avalon?
Em miúda era aquilo a que se chama habitualmente Maria-Rapaz. A rua era o meu elemento natural. Gostava de andar de bicicleta, skate ou patins, subir a árvores, jogar ao berlinde ou à apanhada. E gostava de ler. Quando estava a ler um livro não valia pena desafiarem-me para ir laurear a pevide. Mas assim que o acabava lá ia eu. E quando os meus amigos estavam longe (eu sempre estudei a muitos kms de casa) eram os livros que me salvavam da solidão.
Ainda hoje, acreditem em mim, são os livros que me salvam desta treta que é ser adulto (o Peter Pan bem tentou avisar-nos a não crescer) e tantas são vezes em que me perco num livro. Mais ainda são as vezes em que aprendo com os livros. Em que estes me obrigam a reflectir, a mudar de opinião, a consolidar as minhas certezas, a pôr em causa as minhas crenças.
O que sou, devo a todos os que me rodeiam e fazem sorrir todos os dias. E neste “todos” incluo família, amigos, gatos e… livros, claro.