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Ler por aí

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28
Out17

Cosmere ou O épico escondido

Patrícia

Sempre adorei ligações entre livros. Acho que a primeira vez que descobri uma ligação entre dois livros foi quando no livro da Marion Zimmer Bradley "O circulo de Blackburn" a Truth e a Light chamam uma à outra Deoris e Domaris... os nomes das protagonistas de "A queda da Atlântida".

Gosto sempre quando uma personagem salta de um romance para o outro e ganha vida ou como regressa para dar um ar de sua graça. Isto acontece mais vezes do que pensamos. Acontece, por exemplo, nos livros da Maria Manuel Viana com, pelo menos, duas personagens: a Ana B. e a Maria João que têm uma passagem no maravilhoso Teoria dos Limites e que têm romances em nome próprio (A vida dupla de Maria João e A paixão de Ana B.). Ou Sara K. que salta dos romances da Maria Manuel Viana para o "A construção do vazio" da Patrícia Reis (segundo a própria que, no A páginas tantas, comentava como é bom homenagear amigos e escritores nos próprios livros - qualquer coisa assim, não sei citar de cor).

Estas piscadelas de olho aos leitores sempre me fascinaram. 

Ora, O Brandon Sanderson - facilmente o meu escritor favorito no que ao género fantástico diz respeito - levou isto ao expoente máximo. O homem encetou uma empreitada louca ao imaginar Cosmere:

Many years ago, before I was even published, I had an idea. A crazy, ambitious idea. An idea for a large interconnected universe of fantasy series where the fundamentals of magic and cosmology were the same, but the stories were all separate. A “hidden epic” so to speak, where the longer the books were published, the more readers became aware of these little connecting threads.

Quando comecei e ler Brandon Sanderson e me apaixonei pela Vin, Kel e companhia não tinha a mais pequena noção de do que era Cosmere. Rapidamente descobri, claro. Mas só quando comecei a ler o The Way of Kings é que me comecei a interessar verdadeiramente pela história escondida e comecei a começar a compreender a genialidade (ou loucura, ainda não decidi) do homem. 

For now, most books have only hints. If you’re curious, watch for mentions of Hoid, a character who has appeared in all major books in the Cosmere. (Though he often goes by a pseudonym.) Look for mentions of Adonalsium—a god from long ago who was broken into sixteen pieces—and his Shards, beings who have taken bits of Adonalsium’s power and been elevated to deities themselves. Usually these are named after the intent of their power—Dominion, Devotion, Ruin, Preservation, Honor, Cultivation, and Odium are Shards of Adonalsium.

Mergulhar neste mundo é passar meses ou anos a ler e reler livros. Não é possível compreender uma história escondida sem reler, várias vezes, os mesmos livros. Não é possível compreender Cosmere sem ser um daqueles nerds para quem toda a gente olha com um misto de pena e fascinação. Não é possível compreender Cosmere sem investir tempo, muito tempo, naqueles livros. 

Para a maioria dos leitores um dos grandes dramas é não ter tempo, durante a sua vida, para ler todos os livros que pretende ler. A maioria dos leitores não gosta de reler, prefere continuar em frente e ler mais e mais. Mergulhar um épico escondido implica parar durante muito tempo esse caminho de continua descoberta de novos livros e novos escritores. 

E sim, eu estou meio decidida a mergulhar em Cosmere. Na verdade acho que não tenho grande escolha. Acho que mergulhei em Cosmere há meses. Os Audiobooks que andei a ouvir (The Way of kings e Words of Radiance, que já tinha lido em ebook) fizeram-me dar mais um passo nessa direcção.

Não quero deixar de ler outros livros e escritores. Especialmente não quero deixar de ler escritores portugueses. Mas quero perceber Cosmere. Quero ler os vários livros do Universo Cosmere, quero reler Mistborn na língua original.

Tenho pena que não haja (que eu saiba) em Portugal uma comunidade com quem seja possível ser absolutamente nerd e discutir Cosmere. Acho que apenas conheço uma pessoa que percebe mais ou menos do que estou a falar e que é, na verdade, a responsável por eu ter saltado de Scadrial para Roshar (qual worldhopper). Não conheço nenhum canal ou podcast dedicado a este tipo de livros (dedicado a GoT havia o A cabeça do Ned, por exemplo).

Se conseguiram chegar ao final deste post e estar minimamente interessados, então Welcome to Cosmere!

(as citações acima são do post do Brandon Sanderson que podem ler na totalidade aqui)

 

 

 

22
Out17

Comprar um livro, sim ou não?

Patrícia

Depois de ter mergulhado pela segunda vez nos Stormlight Archives (desta vez com os 2 audiobooks de The Way of Kings e The Words of Radiance) e enquanto espero pelo Oathbringer (14 de Novembro) decidi que o Warbreaker será a minha próxima leitura do género. No site do autor encontrei um texto curioso. Pessoalmente concordo com ele e eu sou assim (não só comprei ambos os ebooks como ambos os audiobooks dos Stormlights e sei que ainda vou ter uma cópia física deles na minha estante - provavelmente uma edição de coleccionador em Inglês e certamente as edições portuguesas - se alguma vez saírem). Mas e vocês? Comprariam um livro que já leram apenas porque acham justo recompensar o escritor por ter escrito aquele livro?

 

A while back—June 2006—I started work on the novel which would follow my Mistborn trilogy. At the time, I noticed the work of Cory Doctorow, who releases all of his books on-line at the same time as the hardback comes out from Tor. At first, I thought this was insane. If you give it away for free, nobody will buy it!

Then, I spent some more time considering. Readers can ALREADY get their books for free; I went to the library often myself as a youth. And yet, I still bought books. I often bought the very books I’d checked out from the library, as I liked them so much I wanted to read them again and loan them out to others. What do I really believe? In resenting libraries and used bookstores because they share my books without any direct profit to me? Or, would I rather look at all of that as free publicity?

I’ve been kind of annoyed with how the RIAA has treated the MP3 explosion. I also realize that something Cory says is very true—my biggest challenge as an author is obscurity. I believe in my novels, and believe that if people read them, they will want to read and buy more of them. I believe that readers like to own books and, yes, even like to buy them specifically to support authors they want to write more books.

And so, I did something crazy. I went to Tor and asked if they’d be okay with me posting the entire version of Warbreaker AS I WROTE IT. Meaning, rough drafts. The early, early stuff which is filled with problems and errors. They thought I was crazy too (my agent STILL thinks this project is a bad move) but the more I thought about it, the more I wanted to do something that would involve and reward my readers. For those who are aspiring novelists, I wanted to show an early version of my work so they could follow its editing and progress. For those who are looking to try out my novels, I wanted to offer a free download. (Hoping that they would enjoy the book a great deal, then go on to purchase or check out ELANTRIS or my Mistborn books.)

So, that’s what this novel is. It WILL be published in hardcover by Tor. It’s not some old work I pulled out, dusted off, and offered for free. This book will be coming out in 2009 sometime. And, I’m offering it years ahead of publication here for you to read.

Part of me still worries that I take a huge hit in sales when this thing is released, as my readers will have read it ahead of time. Another part of me worries that new readers will see the flaws and the rough sections of the early drafts, then assume that the finished project will be inferior, and not ever bother to read any of my other books.

The stronger part of me still believes that this will make better publicity, and a better experience for my fans, and is well worth the risk. So, for better or worse, I present WARBREAKER.

08
Out17

Orlando, de Virginia Woolf

Patrícia

DSC06291.JPG

 

Quanto mais leio de Virginia Woolf mais tenho vontade de ler. 

Orlando - Uma biografia é, antes de mais e na minha opinião, mais um ensaio que um romance ou uma biografia. 

De novo, é o vislumbre da mulher (Virginia Woolf), das suas opiniões, da sua visão do mundo, o que mais me agradou neste livro. E é muito difícil saber o que escrever sobre ele. Por um lado porque já tudo foi escrito e por quem sabe bem mais do que eu, por outro porque fico com a sensação que precisava de uma nova leitura para chegar perto de compreender verdadeiramente as várias dimensões deste livro.

Numa altura em que as questões de género estão na ordem do dia - e parecem ter sido inventadas hoje - a personagem Orlando tem especial interesse. Começa por ser homem e ter uma grande paixão e um dia, simplesmente e sem ser grande surpresa para quem o rodeia, acorda mulher. Fisicamente mulher. A transição para o género feminino comummente entendido como tal pela sociedade demora mais tempo. A ambiguidade sexual, as convenções sociais associadas ao género, o lugar da mulher, do homem, na sociedade, no tempo e no espaço são dissecados e analisados neste livro. E como em qualquer boa resposta, levantam mais questões e oportunidades de análise do que dão respostas.

O tempo é outra questão. Passado e presente confundem-se e não nos é difícil aceitar que Orlando vive mais de trezentos anos, que a imortalidade se pode condensar num poema, que a literatura atravessa o tempo sem dar conta. Virginia Woolf, como qualquer escritor, vive nas páginas e nas vidas dos seus leitores.

 

05
Out17

And the OSCAR goes to...

Patrícia

... que é como quem diz "O Nobel da Literatura vai para......"

Não faço ideia mas é hoje. Daqui a menos de 60 minutos já saberemos que foi o/a galardoado/a este ano. Depois da polémica do ano passado (e da de há 2 anos) espero que este ano haja uma boa surpresa. E para mim "boa surpresa" significa já ter ouvido falar do escritor/a.

Sou, desde há muito, "team Murakami" mas este ano o meu coração até pende mais para a Margaret Atwood. Provavelmente ganhará outro qualquer. Não faz mal, estou entusiasmada na mesma.

 

Quando hoje de manhã li a crónica "Previsões - E o Nobel da Literatura vai para..." fiquei logo irritada:

"Além de que os desvarios dos últimos três anos mostraram que não há um critério, pois Patrick Modiano era um escritor totalmente de nicho, já Svetlana Alexievich pouco tem que ver com a Literatura e Bob Dylan nem vale a pena comentar."

"Portanto, hoje a grande dúvida é se os 18 membros do júri do Nobel da Literatura vão premiar um verdadeiro escritor ou se se mantêm apostados na espectacularidade. Até obedecerem a "critérios" desfasados da Literatura, como é o das quotas mulher, poeta, negro, activista social... Afinal, o que está em causa é já o prestígio da Academia Sueca. "

 

A facilidade com se desvaloriza alguém pela cor, género ou qualquer característica é impressionante. É que pelo texto parece que, ou ganha alguém de quem o senhor gosta homem, branco, apático e do género literário certo ou será sempre um prémio injusto e um preenchimento de quotas.

Bem, suponho que ganhar a Margaret Atwood esteja absolutamente fora de questão para este senhor... para além de ser mulher é uma activista dos diabos.

Estou um bocado farta desta mania de que lutar por alguma causa é ser histérico. A sério que há palermas que se sentem tão ameaçados por quem tem a audácia de achar que somos todos iguais em direitos, deveres e oportunidades?

Cá para mim, o Nobel da palermice vai para este senhor.

 

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