Raras vezes um livro me deixa com sentimentos tãocontraditórios como este “se nos encontrarmos de novo”.
Não conhecia esta escritora e foi (mais uma vez) através daRoda dos Livros que este livro me veio parar às mãos. Extremamente bemrecomendado, as expectativas eram altas.
A verdade é li metade do livro de uma assentada. O início éfenomenal e agarrou-me completamente. É um texto cheio de sentimento e acima detudo sobre sentimentos. Enaltecer o Amor, a saudade e a perda não está aoalcance de todos. Fazê-lo com uma escrita deliciosa e intimista ainda menos.Ana Teresa Pereira conseguiu-o. Por isso aconselho esta leitura sem reservas.
O meu problema foi a segunda metade do livro, a que li maistarde, já sem a surpresa que me proporcionou uma leitura empolgante. Boa partedo interesse do livro está nas constantes citações, referências e ligações àliteratura, à pintura, à arte em geral. Iris Murdoch, Piet Mondrian e William Turnersão apenas alguns dos artistas constantemente presentes. Mas não há uma citaçãotraduzida. Para mim, que sou fluente em inglês, isto não é preocupante. Mas nãoconsigo deixar de me incomodar com a absoluta falta de respeito pelos leitoresPortugueses que não compreendem inglês e que por isso não irão compreender asreferências. Não há uma nota de rodapé com a tradução. Este livro merece ser livroe relido de uma assentada, esta leitura não se coaduna com paragens para ir aodicionário nem para grandes buscas na internet. É certo que após a leitura fuiver/rever as obras mencionadas mas durante a leitura queria era continuar aler. Talvez este seja um problema da editora e não da escritora, da revisão enão da escrita mas ainda assim acho de uma falta de respeito pelos leitores queme irritou um bocado.
Por outro lado adorei a estrutura do livro. Uma históriacontada a duas vozes, sem nunca perder o interesse. Duas vozes tão diferentesmas que brilham ainda mais juntas. Byrne e Ashley, duas almas que partilhammomentos, sentimentos, vidas que se cruzam. Byrne, Ashley, Rose, Tom e Ed,todos com tonalidades diferentes a criar imagens à medida que a escrita de AnaTeresa Pereira me conquista.