21
Jan14
Meio Sol Amarelo, de Chimamanda Ngozi Adichie
Patrícia
Em vez de estarem neste blog a ler a minha opinião sobre este livro deveriam estar a lê-lo. Assim o vosso tempo seria muito melhor empregue, acreditem em mim.
Se não têm o livro à mão, nem oportunidade de o ir comprar então oiçam a Chimamanda Adichie (na TED) a falar do perigo da história única e encantem-se e envergonhem-se. Por todos nós, nalgum ou em muitos momentos da nossa vida, fomos culpados de sucumbir aos perigos da "história única".
É ou não maravilho ouvi-la?
Acabei mesmo agora de ler este livro. Talvez devesse esperar uns dias para escrever a minha opinião mas a verdade é que este blog não é um blog de critica literária (até porque me falta a capacidade e o talento para tal) mas sim um sítio onde "escrevo opiniões a quente porque o livro mais importante é precisamente aquele que acabei de ler".
E a minha vontade é de o começar a ler novamente. E olhem que isto é algo que poucas vezes me lembro de fazer.
Meio Sol Amarelo. O símbolo do Biafra, a representação de um futuro glorioso.
Começo por dizer que o título é maravilhoso.
A escrita da Chimamanda conquistou-me deste o início: simples, cuidada, fluída. Esta escritora é de facto uma contadora de histórias. Assim de mansinho apresenta-nos Olanna e Kainene, o maravilhoso Ugwu, Richard e Odenigbo, os cinco personagens que nos vão guiar por estas histórias. É muito fácil deixarmo-nos enredar nas suas vidas, nas suas personalidades fortes, nos retratos clichés e na sua destruição. É-nos fácil sentir empatia e simpatia por Olanna e Kainene, é-nos fácil rir com Ugwu.
Este livro tem uma estrutura diferente dos outros livros. É linear por camadas: começamos no início dos anos 60, na segunda parte saltamos para o final dos anos 60 onde não podemos deixar de sentir curiosidade pelo que terá acontecido para que as nossas personagens ajam da forma como agem. Nesta parte senti que tudo estava igual mas diferente. Ou melhor, que tudo estava no sítio certo mas que havia qualquer coisa de estranho. (sim, só quem já leu compreenderá o que escrevo, até porque a autora faz questão de que saibamos que alguma coisa aconteceu). Depois damos um saltinho atrás, temos a resposta para uma série de perguntas e depois… oh, depois é um salto para o futuro e é um autentico murro no estômago. Não consigo transmitir-vos o quanto aquelas páginas me atormentaram e encantaram.
Este é um livro sobre paz, sobre guerra, sobre fome, miséria, alegria, amor, paixão, obsessão. É um livro onde a humanidade dos personagens rivaliza com a desumanidade do ser humano. É um livro sobre factos e é um livro sobre sentimentos.
Escuso de vos dizer que adorei.
(eu, o livro e o ZéGato momentos antes de embarcar para a fase final da leitura)