28
Mar12
Deste Lado Da Luz, de Colum McCann
Patrícia
Começo por dizer que este não é (ou não foi para mim) um livro fácil de ler. Não pelo tipo de escrita, que é bastante acessível não deixando de ser cuidada, mas sim pelo tema (ou temas) que trata.
A história passa-se entre 1916 e 1991 em Nova Iorque. O hiato de tempo entre as histórias de Nathan Walker e Treefrog vai-se dissolvendo ao longo do livro e o que os une só é perceptível mais ou menos após o meio do livro.
Nathan é um trabalhar nos túneis de NY, Treegrof é um sem abrigo que vive num túnel. A história de Nathan é-nos contada linearmente enquanto a de Treefrog é um mistério para irmos desvendando a pouco e pouco.
Mais do que a história destes dois homens, este livro fala-nos sobre a condição humana, o racismo, as relações laborais, traumas, acções e consequências. Fala-nos sobre o amor e confiança. Fala-nos sobre a loucura. Fala-nos sobre a Luz e as Sombras que estão presentes na vida destes dois homens que vamos conhecendo.
Poder-vos-ia contar a história em meia dúzia de linhas que a tornariam banal mas é muito complicado transmitir-vos o que fui lendo e conhecendo através de pequenos acontecimentos que nos levam a criar empatia (ou mesmo a odiar) algumas personagens em determinadas partes do livro.
Há imensos pormenores neste livros, acontecimentos soltos ou pequenas frases que me levaram a questionar valores e a pensar naquilo que somos capazes, eu ou qualquer um de vocês, de fazer. Que atitudes mesquinhas somos capazes de ter, que pecados somos capazes de cometer em nosso nome ou em nome de algo. Não falo das grandes acções (des)humanas, de matar em nome da religião u coisas do género. Falo de coisas pequeninas do dia a dia que não tendo consequências catastróficas para a humanidade têm (ou podem ter) consequências para a nossa vida e para as vidas que nos rodeiam.
Este livro é bastante sombrio e até mesmo desesperançado e confesso que houve (pelo menos) uma altura em que uma determinada suspeita quase me fez parar o coração (dizer mais era desvendar algo muito importante) mas no geral gostei bastante.
É o tipo de livro que merece uma segunda leitura, com total ausência de surpresas, para que a escrita e todos os acontecimentos possam ser analisados de outra forma.
Gostei especialmente da Castor.