Um livro surpreendente, este. Li-o num estantinho e, sendo o primeiro livro do Rui Zink que li, fiquei bastante agradada.
Com este livro aconteceu-me algo que há muito não acontecia: a história deu uma reviravolta que eu não estava, de todo, à espera. E isso não é muito habitual num livro e é muito positivo.
A história é simples: um turista, que escolheu chamar-se Greg, vai de férias. Objectivo primeiro: morrer. É portanto lógico que opte por ir de férias para um cenário de guerra, um sítio perigoso, onde a probabilidade de apanhar com uma bala perdida, ser raptado ou ser vítima de um ataque terrorista, seja grande. Porque ele não tem nenhuma intenção de regressar a casa e à mulher. Temos portanto um suicida em potência, casado, que se sente como peixe na água perto do perigo.
É quase inevitável imaginarmos que a narrativa se passa no Iraque, no Afeganistão ou em qualquer outro daqueles países que são notícia nos jornais pelas piores razões. E é inevitável perguntarmo-nos o que leva Greg a querer morrer
E não pude deixar de me lembrar que alguns dos nossos jovens se ofereceram para ir para a guerra (do ultramar, principalmente) após um desgosto de amor ou sob o desespero de dificuldades económicas.
Mas, a meio do livro, tudo o que julgava saber veio a revelar-se errado. E mais não digo, a não ser que o que parece, nem sempre é.
Acho que o autor nos tenta fazer pensar no futuro da Humanidade, nas escolhas que se fazem e nas consequências das escolhas dos outros em cada um de nós. O livro apresenta-nos um mundo ao contrário, onde a desumanização é uma realidade.
Duas últimas questões: o que/quem estamos dispostos a sacrificar em suposto beneficio da nossa sociedade? E se formos nós a ser sacrificados?