18
Ago08
dois livros e um músical
Patrícia
Vinda de férias, trago histórias para partilhar. Não das minhas férias, claro, mas de dois livros e de um fantástico espectáculo a que assisti.
Vamos por partes.
Os livros: "Meia-noite ou o princípio do mundo" de Richard Zimler, e "A ilha" de Victoria Hislop.
"A ilha", foi o meu primeiro livro de férias. Numa altura em que estava a descomprimir do trabalho e dos estudos, peguei neste livro e li-o quase de uma assentada.
Uma jovem mulher, com algumas decisões para tomar, resolve investigar a história da fa
milia, que a sua mãe Sofia sempre insistiu em manter secreta. A história de Alexis rapidamente cai para segundo plano à medida que a saga da familia é contada. Com a lepra a dar o tom e a segunda guerra mundial a trocar as voltas à Grécia, este livro fala acima de tudo de preconceito e hipocrisia, de coragem e bondade.
Sem ser um livro espectacular, vale bem a pena ler.
Numa feira do livro, na banca dos livros usados, encontrei um que já fazia parte da minha "lista de de
sejos" deste que está à venda.
"Meia-noite ou o princípio do mundo", um livro que gira à volta de John Zarco Stewart, meio Português, meio Escocês; meio Cristão, meio Judeu.... e isto tudo no Porto do início Sec. XIX.
A vida de John é marcada pelas muitas personagens que com ele se cruzam. Daniel, Violeta, Francisca, Memória, os pais, o boticário alquimista judeu e claro Meia-noite.
Para John, Meia-noite é mais que amigo. É uma espécie de pai, que o salvou, e por quem Daniel luta durante toda a vida. A inquisição em Portugal está no fim, mas os Judeus ainda não se sentem seguros de se mostrar, por isso John nem sabe que é meio Judeu. A traição e a mentira são os principais condicionantes da vida dele. O amor e a verdadeira amizade o que o fazem continuar a viver.
Um fantástico livro.
Especial, porque é mais um dos bons livros escritos sobre Portugal... e mais uma vez escrito por um estrangeiro. A não perder.
Agora o espectáculo: Jesus Cristo Superstar, De Tim Rice e Andrew Lloyd Webber, ou de Filipe La Féria, como preferirem.
Num palavra: Fabuloso!!!!!
Filipe Ventura e Pedro Bargado, acompanhados pela Anabela e por mais de 50 actores/ músicos fazem de um palco simplista, um espectáculo músical que vale a pena ver. Engane-se quem pensa que é um espectáculo religioso, pois não o é, nem deve ser visto assim. Luz e som, numa ópera rock, inovadora nos palcos do nosso país. Vozes brutais, num teatro com sátira social e politica actual, e que conta uma história antiga. Deixando de lado a tristeza, canta-se a traição e a amizade.
Um palco sem nada, para além de uma tela, andaimes laterais, e muita gente com talento e grandes vozes, fazem daquelas duas horas algo de especial.
Quer gostem ou não dele, o La Féria, fez deste um grande espectáculo. Eu vi o Amália, o My Fair Lady, mas foi este Jesus Cristo Superstar que me encantou.
Deixo aqui a "Canção de Judas" interpretada pelo Pedro Bargado (Judas), para mim o melhor personagem do músical.