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Ler por aí

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24
Fev15

O osso da borboleta, de Rui Cardoso Martins

Patrícia
 
 
Um homem decide que a melhorforma de fugir à polícia é enfiar-se num sótão para o resto da vida.Alimenta-se de arroz e pombos, ouve música num rádio da segunda guerra mundiale, volta e meia lá vai roubar um bocadinho de água das torneiras dos vizinhos.Uma das vizinhas é uma velha solitária que passa o dia a insultar as plantasque teimam em não crescer. Depois há a outra que sonha com uma borboleta comcara de gente a ser atacada por uma abelha e ainda há uma peixeira que tem umfilho. No meio de tantas histórias gostei mesmo foi da história do tal rádio dasegunda guerra mundial e dos dois irmãos que queriam ouvir programasdiferentes. E da história da Vera, claro. 
Gostei deste livro que, para mim,vale mais pelas várias partes que pelo todo. As histórias dentro da história deixam-nospor vezes à deriva mas conduzem inevitavelmente a um fim. E falando em final esem deixar nenhum spoiler tenho que admitir que gostei bastante do deste livro,cumpriu a sua função (ultimamente dou por mim a já não esperar um final a meugosto antes a esperar simplesmente um final) e ainda me deixou com um sorriso apesarda crueldade da coisa.
Fez-me pensar a capacidade que oautor tem de nos pôr a aceitar a crueldade como algo aceitável, mediantedeterminados propostos, é certo, mas ainda assim a aceitar coisas que,teoricamente são inaceitáveis e que ali, preto no branco naquelas páginasfinais quase fazem sentido. Quase, porque ainda assim não consigo deixar depensar no que realmente faz o mundo ficar aparentemente mais bonito.
E depois de ter ouvido tantasopiniões diferentes e de ter tido o privilégio de ter ouvido o escritor a falar(este foi o livro discutido no encontro de Fevereiro da Comunidade de leitoresna LEYA na Buchholz moderado pelo Luís Ricardo Duarte) a minha opinião mudou umbocadinho. Afinal compreendi um pouco melhor os porquês, os intuitos, tiveoportunidade de considerar outras opiniões e nestes casos é inevitável que aleitura saia enriquecida.
É possível ler apenas a históriaque o escritor escreveu. Mas também é possível ler mais, ler nas entrelinhasdesta história, ler ironias e denúncias, ler críticas e opiniões. Fica àescolha do leitor.
07
Dez12

Se fosse fácil era para os outros, de Rui Cardoso Martins

Patrícia

Estou indecisa sobre o que achei deste livro: não sei seadorei se o achei uma chatice. Talvez as duas coisas que, ao contrário do queparece, não são mutuamente exclusivas. Começo já pela parte chata (para mim,que acredito que haja alguém para quem a beleza do livro esteja precisamenteaí): as crónicas de uma viagem pelos Estados Unidos da América. Faltam-meconhecimentos geográficos e culturais para gostar dessa parte. Apesar de já terestado duas vezes nos EUA, não sinto por aquele país um fascínio assim tãogrande (excluamos NY desta minha opinião, ok) e parece-me que para acompanhar aviagem dos 5 amigos era necessário um conhecimento e/ou interesse que eu nãotenho.

Posto isto, vamos à parte boa que compensa bastante a má.

É o primeiro livro deste escritor que leio e (o escritor)foi-me bastante recomendado pelo que as expectativas eram altas.
No início o narrador vê-se confrontado com a morte da mulhere com o facto de, para efeitos de publicidade, várias instituições ignorarem oóbito. Assim no dia em que ela faria anos ele recebe várias cartas, incluindouma do banco a oferecer-lhe um cartão de crédito.
E é com esse cartão de crédito que 5 amigos (todos de malcom a vida) embarcam na viagem das suas vidas pelos Estados Unidos da América.Uma viagem recheada de peripécias, de conversas mais ou menos importantes, desilêncios e de partilha. E de solidão. Cada um dos 5 homens parece estar àprocura do sentido da vida ou da morte. Cada um deles busca o seu própriocaminho, procura purgar os seus desgostos e angústias.
Sem divulgar demasiado não posso falar mais mas há partes dolivro que são autênticos murros no estômago.

Comecei a ler este livro em Toronto, um ou dois dias depoisde ter visitado as Cataratas do Niagára (maravilhosas, já agora). Este livro vaificar sempre ligado (para mim) a este país. Qual não é o meu espanto quando meapercebo que o livro acaba precisamente neste local. Nas Cataratas, naplataforma do lado Americano.

“… uma autêntica cópia é o que somos hoje em dia, sou umaautêntica cópia do foragido do Oeste, autêntica cópia do homem que traz umpassado, a viver da autêntica cópia de um romance filosófico de ação, com diálogospelo meio, cópia autêntica de vivacidade, e sobrevivente da autêntica cópia doturismo de aventura.”

in Se fosse fácil era para os outros, Pág. 229,

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