da meia noite às seis, de Patrícia Reis
Vamos, antes de mais, falar dos livros certos na altura certa.
Há que tempos sou fã dos livros da Patrícia Reis, já li vários e sei que são, sempre, uma aposta certa. E foi por isso que escolhi um livro dela - e que ainda por cima tem sido super recomendado pela Roda dos Livros e por outras meninas - para sair desde marasmo dos policiais. Os policiais têm sido a leitura conforto dos últimos meses mas não são, de todo, o meu género preferido. Não costumo forçar leituras mas ontem, dia de Portugal e das comunidades, achei ser o dia perfeito para ler em português. Este "da meia noite às seis" estava comigo há uns tempos e à espera do dia certo. E digo-vos que foi o livro certo na altura certa.
É um livro pequenino (apenas umas 115 páginas) que se lê num ápice e que aquece o coração. Os livros da Patrícia Reis não costumam ser propriamente livros felizes e logo de início fiquei de coração apertado (este é afinal, um livro sobre o luto) e pensei que aquelas páginas iam estar carregadas de tristeza pesada, de angustia mas afinal este é um livro cheio de esperança e dessa coisa bonita chamada amizade. Não se iludam com estas palavras. Há toda a tristeza do mundo nestas páginas mas há também esperança, luz e recomeços.
Susana Ribeiro de Andrade ficou viúva em plena pandemia de covid 19. Forçada a recomeçar, aceita tornar-se a voz das horas mortas na rádio onde trabalha. Rui Vieira é o jornalista que escreve as notícias que Susana Ribeiro de Andrade lê a cada hora certa. É da meia noite às seis que as suas histórias e as histórias dos que os ouvem se vão entrelaçar nesta história de amor. E de amizade. E de recomeços.
Um livro claramente escrito em pandemia, que marca o tempo extraordinário que vivemos e que tem a voz tão característica da Patrícia Reis. Há neste livros histórias de amor, histórias de perda, reivindicações e chamadas de atenção. Há jornalismo. Há memórias. E livros. E músicas. E poemas. E uma actualidade muito marcada, parte desde livro é uma chamada à reflexão sobre o que vivemos, como vivemos e como queremos viver.
Mas este é, para mim, acima de tudo, um livro sobre recomeços, amizade e amor.