A Mulher, de Meg Wolitzer
Foi em 2003 que Meg Wolitzer publicou este “A mulher” que foi agora num “pós”- Os interessantes, reeditado pela Teorema.
Assim que me apercebi de que este livro foi publicado 10 anos antes que Os interessantes as minhas expectativas baixaram consideravelmente e isso foi mesmo o melhor que aconteceu. Ler este livro nessa perspetiva permitiu-me apreciá-lo de uma forma completamente diferente.
Tal como anos mais tarde fará no “Os interessantes” (é inevitável compará-los) MW brinca com a perceção (a nossa e a dos personagens), explora sentimentos e alguns grandes temas. Já neste livro o “talento” é esmiuçado e dissecado, já aqui os porquês e os como são bem mais importantes que o fim em si. Até porque, sabemos o fim deste o início. Deste o início foi um gato escondido com o gato de fora, de tal forma que, às páginas tantas, cheguei à conclusão que essa era a ideia. A escritora sabia que nós sabíamos mas fingia que não porque isso não interessa de todo. É por sabermos que podemos dar-nos ao luxo de, ao longo de toda a leitura, passarmos para lá das letras e analisarmos sentimentos, posturas, épocas, mentalidades.
Não posso deixar de destacar a evolução deste para o “Os interessantes” mas acabei por gostar bastante deste “A mulher” que se lê num instante e que tem um final agridoce, que por muito previsível que fosse, lhe deu um toque de realidade que nos põe a pensar.