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Ler por aí

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08
Mai23

Os Memoráveis, de Lídia Jorge

Patrícia

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Revisitação literária do 25 de Abril ou viagem à mitologia dos factos e não à história dos factos (palavras da escritora), este é um livro muito interessante.

Quando se passam quase 50 anos sobre o 25 de Abril e assistimos a tristes figuras como as que tiveram lugar na Assembleia da República este ano, percebemos que temos que nos esforçar para "cumprir o sonho, cumprir Abril". A literatura é uma forma, talvez a mais excelente forma, de nos fazer pensar.  De, com tempo e espaço, contar a História, a sua mitologia e o seu coração. A literatura aproxima-nos dos factos, faz-nos reflectir, pensar, pôr em causa, questionar, relembrar.

A Ana Maria Machado, uma filha de Abril, repórter em Washington, é-lhe pedido que regresse a Portugal e conte a história da Revolução dos Cravos. Partindo de uma fotografia que reúne os principais protagonistas de Abril (e da sua própria história), Ana Maria e dois colegas lançam-se na busca da estória dentro da História.

Este é um livro extremamente bem escrito (como todos os da escritora) e que nos força a uma leitura lenta. Não podemos pegar nos Memoráveis e esperar um documentário sobre o 25 de Abril, não é para isso que a literatura serve. Lídia Jorge procura o olhar de uma geração que nasceu depois do 25 de Abril, que sem viver Abril, viveu todas as suas consequências. A dicotomia sonho/desilusão está presente em cada página, em cada relato dos protagonistas de Abril, uns mais reconhecíveis que outros (todos são tratados em cada página do livro pela alcunha que lhes foi dada por Rosie Honoré) ou na forma como Ana Maria, Miguel Ângelo ou Margarida vivem esta reportagem.

Um livro importante a que, sem dúvida, ainda voltarei.

10
Mai16

Vamos chamar-lhe miscelânea ou de como perdi completamente o controlo dos posts sobre os livros que li e por isso resolvi fazer um 10 em 1

Catarina

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Guia Prático Para Cuidar de Demónios - Christopher Moore

Gosto de histórias parvas e humor negro e nesta há muita parvoíce e o humor é negríssimo. Catch é um demónio que gosta de ver televisão, ler bandas desenhadas, viajar no capot do carro e foi invocado acidentalmente por Travis, um jovem na altura. Agora com quase cem anos mas o mesmo aspecto jovem, Travis tem muito pouca vontade de continuar a ser o “cuidador” de Catch (já que Catch tem por hábito comer as pessoas com quem se vai cruzando). Travis quer-se livrar do mafarrico e acha que a forma de o fazer está em Pine Cove. Em Pine Cove é onde tudo acontece e onde vamos encontrar os outros participantes desta aventura, Augustus "Gus" Brine, responsável da “loja de iscos, material de pesca e vinhos de qualidade”, homem já velhote mas com a constituição de um urso, às vezes Pai Natal às vezes Odin, há o bêbado da vila, também temos a bruxa da vila, o bar chama-se Cabeça de Lesma, há o surfista janado, a empregada no café central que também é a ex do bêbado da vila e tem um caso com Travis e outras tantas personagens algumas das quais não duram muito tempo quando Travis e Catch lá chegam. A Pine Cove também vem dar Gian Hen Gian, rei dos Djinn, árabe muito velho, baixinho que há séculos persegue Catch e roga pragas do género “Que o IRS descubra que deduziste a tua ovelha de estimação em despesas de representação”.

De 0 a 10 é hilariantemente parvo.

 

 

Filipa de Lencastre – Isabel Stilwell

Aprendi mais de História neste livro do que nas aulas da escola. Fiquei a admirar Phillipa of Lancaster, inglesa, educada e inteligente que casou com o rei D. João I de Portugal aos 27 anos, considerado muito tarde na época, teve nove filhos, foi a mãe da ínclita geração e morreu aos 53 anos de peste negra. O livro está muito bem escrito lê-se com vontade de saber como acaba a história mesmo já sabendo o fim.

De 0 a 10 é muito bom.

 

 

O Dia dos Prodígios – Lídia Jorge

Tive dificuldade a seguir a esta história, parecia que estava numa reunião para organizar a festa da vila com toda a muita gente a falar com sotaque e ao mesmo tempo. Estamos em Vilamaninhos, pequena povoação rural no Algarve quando se dá o 25 de Abril, mas o que é a revolução para estas pessoas isoladas, pobres, analfabetas? Um grupo de soldados numa chaimite a anunciar o fim da ditadura ou uma cobra voadora.

De 0 a 10 Lídia Jorge, ainda não é desta.

 

 

Budapeste – Chico Buarque

“Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira” é a primeira frase deste livro e conta a história do brasileiro José Costa, escritor fantasma, que por um imprevisto vai parar a Budapeste e fica fascinado com a língua húngara. Não fiquei fã da história em si que achei confusa mas gostei sim do amor às palavras, estrangeiras ou não, e do amor à escrita. O final é bastante estranho.

De 0 a 10 dou-lhe 5.

 

 

Fazendo as malas – Danuza Leão

Gosto de viajar e ler sobre viagens por isso este livro chamou-me a atenção. São 4 cidades, Sevilha, Lisboa, Paris e Roma e embora já tenha estado nas 4 a experiência da autora é muito diferente da minha, parece que são 4 cidades diferentes das que eu visitei. O passeio é giro mas a viajante é uma pedante um bocado brega mas armada em chique o que corta um bocado o nosso barato.

De 0 a 10 vale a pena pelo passeio.

 

 

Tóquio vive longe da terra – Ricardo Adolfo

São pequenos textos de um português a viver no Japão. Joga bem a carta do “lost in translation” é sempre engraçado ler histórias de encontros de culturas ou neste caso choque cultural.

De 0 a 10 é giro, os japoneses são um bocado esquisitos.

 

 

Hoje Não – José Luís Peixoto

Seis pequenas e variadas histórias sem ligação entre si, um bocado esquisitas demais para mim.

Legalize Airlines, Biografia sem dentes, Joana dos cabelos verdes, Eu e as poetisas, Fantasma escritor e :-) e :-(.

De 0 a 10 hoje não.

 

 

Crónica dos Bons Malandros – Mário Zambujal

Grande viagem no tempo aos anos 80. Renato Pacífico, Pedro Justiceiro, Flávio Doutor, Arnaldo Figurante, Adelaide Magrinha, Silvino Bitoque, Marlene e ainda um Lucien Obelix. Todos mais ou menos malandros com interesse e necessidade em mudar de vida, para isso resolvem dar um grande e final golpe, assaltar o Museu da Gulbenkian. Tem uma cadência rápida, cada um dos capítulos é mais ou menos a história de cada um dos personagens e de como se conhecem indo tudo dar ao assalto histórico. É bastante ligeiro e cómico em muitas partes e não esperava o final que não é assim tão ligeiro como isso.

De 0 a 10 gostei bastante.

 

 

Seis Suspeitos – Vikas Swarup

Fui enganada com o que está na capa “Se Agatha Christie tivesse escrito um policial sobre a Índia moderna, seria muito semelhante a Seis Suspeitos”

Há muita Índia mas muito pouco Agatha Christie. É verdade que o autor segue um tema policial mas dá tanta volta e o final é confuso e pouco verosímil.

De 0 a 10 gosto de policiais a sério.

 

 

Meia-noite e quatro – Stephen King

Não sei como só agora li este autor, tenho estado a perder histórias fantásticas. Viajamos no tempo e para dentro de mundos inventados mas em que acreditamos assim que começamos a ler.  Na primeira história um homem não devolve um livro dentro do prazo à Biblioteca e é perseguido por uma bibliotecária demoníaca. Na segunda história um miúdo recebe uma Polaroid Sun 660 e a máquina fotográfica tira fotografias a um cão diabolicamente selvagem, que se vai aproximando cada vez mais na imagem. Gostei das duas histórias talvez mais da primeira, O Policia da Biblioteca, porque o segundo título é muito mau, Um Bruto Muito Feio.

No entanto fui enganada pela Bertrand porque o “Meia-noite e Quatro” original, “Four past Midnight”, tem 4 contos (por isso se chama Four past Midnight, o primeiro conto é o “one past midnight o segundo conto é o “two past-midnight” etc …) e este da Bertrand só tem 2 contos os outros 2 estão noutro livro. Não faz mal, vou encontrá-los e vou lê-los.

De 0 a 10 é fantástico.

 

03
Out11

Combateremos a Sombra, Lídia Jorge

Patrícia


Osvaldo Campos, umpsicanalista, divide-se entre as aulas que lecciona na faculdade e os seuspacientes no consultório no 5º andar de um prédio na Avenida de SantaPulquéria. A mulher, Maria Cristina e o filho ficam para segundo plano. Nanoite da passagem do milénio Osvaldo esforça-se para concluir um artigo “quandopesa uma alma?- responde um prático” e ainda assim chegar a tempo àcomemoração. Nessa noite, que lhe mudará a vida, recebe um ex paciente, loucoou não, com uma mensagem enigmática, que nunca conseguirá decifrar, perde amulher para um concorrente e conhece uma nova mulher. Uma noite em cheio.
Maria London, a pacientemagnifica, a visita da noite no consultório de Osvaldo, é a peça chave destahistória. Uma mulher desequilibrada, com muito para contar e sem forma de ofazer é paciente deste psicanalista que a vê como um caso extraordinário,como  mais “o” caso que lhe permitiráevoluir enquanto psicanalista. Mas o caso muda de figura quando se apercebe quesob as fantasias loucas de Maria London há verdades escondidas, verdadesnegras.
Rossiana, uma mulher comuma história de vida invulgar é mais uma peça nesta história de sombras .

Lídia Jorge conta-nosesta história negra de uma forma linear, sim qualquer climax e que poderia serreal. Provavelmente é-o, mesmo que os personagens são existam, mesmo que nãoseja nada assim. As sombras, o poder e maldade são reais.
Não é um livro fácil deler. Já li algumas criticas negativas e compreendo-as. Passamos boa parte dotempo à espera de mais, à espera do acontecimento e muitas vezes nem nosapercebemos que já aconteceram. Não é uma história com princípio, meio e fim,em que os bons acabam bem, os maus são castigados e os heróis vivemfelizes  para sempre. Não há nada aquitão óbvio assim.
E foi precisamente porisso que gostei bastante deste livro. Custou-me a lê-lo, levei bastante tempo,mas isso teve mais a ver comigo do que com o livro.
Conheci a escritora numa tertúlia e se tivesse que a descrever diraapenas “doce”. Nunca pensaria que ela escrevesse um livro destes, um livro emtons de cinzento, um livro tão pouco feliz, tão descrente. Mas a verdade é queem qualquer dos seus livros há temas importantes e tudo menos doces. Talvezseja esse o seu segredo, exorcizar vários fantasmas na escrita e manter adoçura na vida.
Resumindo: gostei bastante e recomendo. Tenho mesmo que completar aminha coleção dos livros da escritora (de momento só tenho este, o “A costa dosmurmúrios” e “o Vento assobiando nas gruas”)
Mais uma nota: continuo a achar fantásticos os títulos  destes livros. “Combateremos a Sombra” .Muito bom.

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