07
Jun14
Biografia involuntária dos amantes, de João Tordo
Patrícia
Há o amor. E depois há algo a quemuitos chamam amor, que consideram amor mas que mais não passa de loucura ou deobsessão ou simplesmente de solidão. Por vezes a ideia do amor é tão forte quea nossa própria história se transforma para dar lugar à história de uma amorinexistente, ou que existe somente dentro de nós. E convencemo-nos que sempreassim foi. E por este “desamor” somos capazes de perder tudo, a vida ou pior...perdermo-nos na nossa própria vida.
E depois há o momento. Ou osmomentos. Aqueles momentos que mudam o curso de uma vida. Aqueles momentosbanais, que nos apanham desprevenidos, sem defesas e que, simplesmente, nos transformanoutra pessoa.
E ainda há o sentido da vida.Aquele que nos faz acreditar num futuro. Aquele que nos faz ter orgulho em nóspróprios, que nos ancora à vida.
Mas a verdade é que depois a litudo num instantinho. E gostei. Mais ou menos. É que raramente se fala decoisas bonitas neste livro. Viramos páginas à procura dos porquês, sabendo queestes são feios, macabros. Afinal sabemos o final pouco tempo depois de termoscomeçado o livro. Ou pelo menos é disso que a sinopse nos convence. Mas depoisdescobrimos que não.
Depois de ler este tipo de livroe de deixar assentar a poeira fico sempre com a sensação de que estou a fazerum grande filme ao imaginar segundos (e terceiros sentidos), histórias atrás dehistórias e que na realidade o autor não quis nada fazer jogos de palavras,quis mesmo foi contar uma história linear (bem, mais ou menos) em que umprofessor universitário, de quem me “foge” o nome - tenho para mim que nem sequerfoi mencionado no livro ou se calhar foi,muitas vezes, e eu é que deixei passar para depois ver alguma ironia nissomesmo – e que vai à procura de respostas pelos 4 cantos do mundo e acaba pornos contar “ a biografia involuntária” de dois amantes e de algumas personagensque os rodeiam.
De qualquer forma, e sendo extremamenteegoísta, a verdade é que o importante é o que o leitor lê no livro. Tenho paramim que raramente (pelo menos se considerarmos os bons escritores) coincide coma ideia que os escritores tinham em mente mas não faz mal. É essa a beleza daliteratura, fazer-nos pensar.
Não é,nem nunca será um dos meus livros de eleição, mas gostei e recomendo