16
Ago14
Os Demónios de Álvaro Cobra, de Carlos Campaniço
Patrícia
Que personagem, o nosso Álvaro, homem rude e de rompantes tamanhos e que é, sem dúvida, inesquecível. Maria Braz, uma alentejana com duas mãos diferentes, Clarinha do torrão doce que tem vontade de ferro e alma de nómada. Lourença que viveu duas vidas. Vicente, que por amor é capaz de dar a vida, a alma, a voz.
Álvaro Cobra e os seus prodígios arrancaram-me gargalhadas às primeiras páginas. Que surpresa tão boa foi ler o Alentejo, rude e pobre, nestas páginas cheias de vida e de imaginação. Que bom ler a tristeza contada com graça e alegria sincera. Que bom livrarmo-nos, ainda que apenas por um livro, do fado e nostalgia. Porque este livro tem nas suas páginas o ser Português contado de outra forma, tem um padre, vários judeus e até um indiano.Tem crenças e mezinhas. Tem a mistura que nos está no sangue e que tantas vezes recusamos. Cristãos, Judeus, Muçulmanos. Tudo bem misturado e criado sob o sol Alentejano dá nisto. Ah e tem grifos, pássaros que cantam à hora certa, febres eternas, gente que morre uma série de vezes e outras que teimam em não morrer,uma cadela que fala e tantas outras deliciosas loucuras que fazem deste um livro a não perder.
Um livro absolutamente fabuloso, maravilhosamente escrito e que me convenceu às primeiras páginas e que não me desiludiu nas últimas.
Um livro que todos deviam ler. Um livro que me deixa orgulhosa porque é de um escritor Português. Por isso ide conhecer o Álvaro Cobra e depois venham cá dizer-me o que acharam.