Literatura, mistério, romance ... e dragões
Acho que já vos disse que ando a ouvir (eu nunca “vejo” estas coisas, só oiço) um curso de escrita que o Brandon Sanderson está a ministrar. Não se preocupem, não tenho qualquer intenção de (tentar) escrever um livro. Mas aquilo é muito interessante e acho que me vai fazer crescer bastante enquanto leitora. Na faculdade estudei Matemática e só há pouco tempo comecei a perceber que, de facto, me faltam algumas bases teóricas para evoluir enquanto leitora. Perceber como os escritores nos “manipulam”, perceber se isso está a ser feito de forma consciente ou absolutamente por acaso, perceber um pouco do imenso trabalho que está atrás da construção de um personagem. No fundo, comecei a perceber que saber escrever e ter uma boa ideia não é suficiente para se ser um escritor. Ter talento não é suficiente. O trabalho, a preparação inerente ao ato de “escrever um livro” é algo que me fascina.
A verdade é que nunca tinha pensado muito nisto. E durante muito tempo achei que não me interessava saber a mensagem que o escritor queria passar com aquela história, o que me interessava era o que eu, enquanto leitora, recebia. É verdade que ainda acho que um livro é diferente de leitor para leitor e que o mais importante é a mensagem que o leitor recebe. Mas para mim, esta leitura um pouco mais superficial (dando apenas importância à história) passou a ser insuficiente. Faltam-me as bases da teoria literária. Sei que dificilmente as terei um dia (até porque não me proponho a estudar o assunto a fundo) mas é interessante tentar aprender alguma coisa e ir ouvindo diferentes pontos de vista.
“Qual é a mensagem que o escritor pretende passar? Quão eficaz é a fazê-lo?” Estas são as primeiras perguntas que faço após ter lido um livro (ou mesmo enquanto o leio). Perceber como o fez é o mais difícil e aquilo que procuro entender.
Este curso foca-se sobretudo no género fantástico que é, muitas vezes, considerado uma brincadeira - ninguém me leva a sério quando digo que estou a ler o The way of kings, sou imediatamente catalogada como geek (assim no grupo de fãs do Star Wars ou Senhor dos anéis, como se estes não fosse séries “apenas” geniais) ou na melhor das hipóteses esta leitura é considerada uma brincadeira, uma pausa da verdadeira literatura.
Uma das ideias que me ficou na memória e na qual tenho andado a pensar é o que Brandon Sanderson disse sobre o género fantástico/ficção cientifica*: ao invés de ser um género limitativo, este é aquele que permite tudo: permite romance, mistério, crime, erotismo, filosofia, poesia. Permite ser literário. Permite tudo o que os géneros permitem… e, ainda assim, ter dragões.
How cool is that?
*nem sequer é uma tradução do que o senhor disse… é uma interpretação. Minha, obviamente.