Esse Cabelo - Djaimilia Pereira de Almeida
Queria muito ter adorado este livro mas não consegui acompanhar a escrita da autora. Li e reli frases a tentar perceber o que me queriam dizer mas muitas das margens do livro têm um “ãh?” rabiscado.
Não é um livro fútil de todo, o tema do cabelo é bem escolhido para contar a história de uma miúda neta de uma negra fula, com uma bisavó judia e uma trisavó de Macau, filha de pai português e mãe angolana: “cruzamento das vidas de um comerciante português no Congo, de um pescador albino de M’banza Kongo, de católicas anciãs de Seia, de cristãos-novos maçons de Castelo Branco” mas toda esta interessante mistura para mim perde-se em frases que não consegui entender.
Gostei do prosaico que reconheci:
“... sweatshirts largueironas com capuzes compradas na Praça de Espanha; apanhávamos a carreira”
“era o tempo da novela Tieta”
“Aguardava que eu levantasse voo a bordo de uma Abelha Maia mecânica que havia à porta de um café.
“subíamos a rua da Prata, parando a meio para um croissant, e íamos até ao Parque Eduardo VII onde uma cigana nos lia a sina.”
“Orgulhava-me de saber que tinha um passaporte e de conhecer Lisboa, aonde os amigos da escola nunca iam e se estendia, na minha cabeça, pouco além do Parque Eduardo VII, com a excepção marcante da Feira Popular.”
Perdi-me nos capítulos sem nome e nas frases longas:
“Não consigo manter-me lúcida enquanto recordo nem fixar uma moral da memória que, deixada à solta, me devolve o que sou sob a forma do duplo que me merece, ao mesmo tempo, repulsa e comprazimento, conduzindo-me à posição de execrar essa máscara para logo depois perceber que execrável é não ser capaz de acarinhar o conceito paupérrimo e emprestado daquilo que também sou.
Queria muito ter adorado este livro também porque foi uma prenda de quem gosta de ler e gosta de livros. Amiga Pat, já leste o “Esse Cabelo” da Djaimilia Pereira de Almeida? Tenho para te emprestar.